sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ouve aquela canção que não toca no rádio

Passei meses achando o Oblivion de Astor Piazzolla sua obra mais doce, mais visceral, até que sem querer escutei algo que fazia anos  estava esquecido em minhas pastas no computador. A verdade é que o fui escutar pela curiosidade do nome: Bando. E aí redescobri que não posso Achar, pressupor absolutamente nada sobre el hermanito argentino. E esse tango é de fato a prova de que apenas ele consegue ir da tristeza absoluta ao orgasmo mais prazeroso, até voltar à zona de conforto e nos explicar algo sobre preencher os vazios. 

E me pergunto porque, ainda que eu deseje, não me atreva a escrever um tratado que descreva a sensação primeira de um encontro com Piazzolla, a sensação derradeira de um último trago que se extende por longas tardes escutando desde seus tangos mais doces aos que me fazem não querer sair dos cafés argentinos. Porque ele se impregna de alma e corrompe qualquer sentido de lucidez e me alerta sempre: escuta o o Caetano! Então não te lembras que é preciso ter alma de ouvir e coração de escutar? 

Não, não consigo esquecer, eu não quero, não posso. É o que me mantém em riste. Quero por hoje e por ora apenas não esquecer cada acorde latente deste bandoneon, cada punhalada violenta que chora o agudo violino em preces. Estou atento, estou viajando rumo ao céu. Estou excitado e a dor apenas talvez defina nossa vida toda.


5 comentários:

  1. Piazolla nos leva ao céu, joga no inferno, faz dos solos de violino um purgatório pras dores do coração e conduz, conduz como se fosse a despedida de um grande amor, há a tristeza da despedida e o desejo que ela nunca acabe.

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  2. realmente muito bonito! por instantes parece que o violino tem vida!
    emocionante!!!!

    também vale a pena conferir: Adiós Nonino, segue o link pra quem tiver interesse!
    http://www.youtube.com/watch?v=VTPec8z5vdY&feature=related

    Anderson

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  3. Me faz lembrar de toda a sua antologia. O Astor Piazzolla é sem igual, ele me lembra o abandono da amada que parte num vagão de um trem nos anos 20 num daqueles filmes preto e branco. Das melhores obras dele eu separo o clássico: Libertango. Muito saudoso seu post, valeria também uma lembrança ao velho Carlos Gardel que deixou muito da sua herança para o Piazzolla.

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  4. rapaz q glissando difícil de preciso eh esse?

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  5. Por que existem compositores que conseguem tocar tão fundo a nossa alma? Ah, é: pra lembrar que não devo me contentar com pouco. Não após conhecê-lo. Não há volta, há? Aliás, sabe quem é o violinista da execução?

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