domingo, 24 de fevereiro de 2013

Se eu pudesse nomear algo, nomearia o cd do Daniel Guedes e Mario Ulloa, e o chamaria Dulzura!

Não haverá nunca presente melhor que aquele o de ser apresentado a algo que se desconhece como forma de aproximação e entendimento. Esta semana começou para mim no sábado quando em meio a muita conversa e apenas um suco num restaurante mexicano em Aracaju, fui presenteado com o cd duo do Daniel Guedes( Professor de violino da UFRJ) e Mario Ulloa (Professor de violão clássico da UFBA) e embora eu o tenha conhecido um tanto quanto tarde, foi um arrebatamento. É bem verdade que já havia lido sobre, e embora não o tivesse escutado por completo percebi com calma no meu quarto que há algo de amor nas faixas que encorpam este cd sem nome, ou que os nomes dos seus autores sejam já prenúncio de qualidade.

Com ampla trajetória nacional e internacional, o costa-riquenho Ulloa – radicado há 20 anos na Bahia – e o carioca Guedes atuam respectivamente como professores da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de intensa atividade como recitalistas, solistas e cameristas. A afinidade e o interesse comum pela música instrumental brasileira fez com que em 2008, durante o FEMUSC, nascesse o duo que agora lança seu primeiro compacto, gravado sob os cuidados de Sérgio Lima Neto, no Estúdio Araras (Rio de Janeiro), e apresentado pela gravadora RobDigital.

Gosto sobre maneira deste Cd por duas perspectivas. A primeira,  por apresentar um repertório que é um passeio em nossa música, nossa arte brasileira de melodiar à vida. O Cd vem repleto de pérolas como Chico Buarque, Edu Lobo, Guinga, Tom Jobim, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Danilo Caymmi, João Bosco/Aldir Blanc, Cartola, Lamartine Babo, Cristóvão Bastos e Pixinguinha, em apoteóticas leituras de clássicos como Beatriz (numa mistura lasciva com o Smille do Chaplin), Valsinha, Maracangalha, O bem e o mal dentre outras não menos figurativas e densas. Essa seleção por sí só já me daria o trabalho de ter que elaborar imensos parágrafos para falar sobre a importância em escolher um repertório que vá ter vida nos ouvidos de quem os escuta. Mas pulo desse aspecto indubitável e coloco o que para mim é o segundo aspecto de maior valor.

Geralmente não gosto de Cd's de artistas consagrados fazendo leituras de algo de maneira solística. Me parece menos meritocrática suas poses virtuosísticas. Ou em outras palavras, tendo a ter uma recepção nada agradável quando os ouço em harmonizações exageradas, como um ato de afirmação de sua potencia técnica sobre o instrumento, ou de quando exageram na deformação ritimica e melódica das peças em questão. E quando o digo, não é por não compreender a liberdade que cada artista tem de imprimir sua identidade sobre o que está posto. Não. Ainda assim, me incomoda o ponto deformativo destes arranjos, da falta de sensibilidade em perceber que o Cd não é apenas produto dos que já conhecem a arte em questão, mas sim um portifólio único para captar a atenção de uma parcela muito significativa da população que ainda não conhece muito sobre a música erudita ou sobre leituras erudito-populares de algo que ales já escutaram em algum momento e que agora se apresenta de maneira didaticamente envolvente. É necessário algo de alma, algo de entendimento sobre a brutalidade e a doçura com a qual se amacia as notas e as envolve de sentido.

Foi assim que me surpreendí quando ao escutar esse duo de violino e violão eu entendi que para lém dos pragmatismos o qual mergulhei meus ouvidos, existe docçura do início ao fim neste projeto. Cada faixa, sem exeção consegue envolver de maneira branda. O que dificulta a eleição de uma faixa chave na seleção de 11, e mesmo quando meu apuro parece querer recharçar os acordes iniciais da Valsinha, os segundo seguintes que envolvem paixão e mistério me fazem parar longos minutos a pensar que junção genial a de dois instrumentos tão antagonicos em nossa concepção burra de enxergar os espaços de transito deles na música. E que junção agradável e doce como as águas do abaeté (que sinto como se fossem reais em mim toda vez que escuto O bem e o Mal do Danylo Caymmi) essa a de estarem postos como um e ainda assim planarem sobre nossas cabeças como identidades bem postas e arraigadamente brasileiras (Porque aqui, vejo o Ulloa mais brasileiro que nunca).

A quem interessar saber: 

1. Beatriz (Chico Buarque e Edu Lobo)
2. O bêbado e o equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc)
3. Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro)
4. Valsinha (Chico Buarque e Vinícius de Moraes)
5. O bem e o mal (Danilo Caymmi e Dudu Falcão)
6. Lamentos (Pixinguinha e Vinícius de Moraes)
7. Todo o sentimento (Cristovão Bastos e Chico Buarque)
8. Luiza (Antonio Carlos Jobim)
9. No rancho fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo)
10. As rosas não falam (Cartola)
11. Maracangalha (Dorival Caymmi)





terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tem pra todos os gostos os concertos de abertura da temporada 2013


Cláudio Cohen






Depois de uma exaustiva busca e dando aquela garimpada, achei justo compartilhar com os leitores do violino de gravata algumas das principais aberturas de temporada 2013 das orquestras brasileiras. Vale ressaltar que muitas das orquestras sinfônicas que eu gostaria de apreciar o cardápio ( como os quatro grupos sergipanos : ORSSE, OSUFS, OSI e OSVC) ainda não dispõe de seus programas devidamente publicizados.
 Tudo isso para explicar que não é por demérito que não estejam listadas, assim como compreendo que é um processo de arrumar a casa para então centrar o Programa. No mais vale ir conferindo algumas delas e não deixando de ficar de olhos nas promoções aéreas que sempre estão disponíveis.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo

TheatrO Municipal de SP terá 48 récitas de ópera em 2013

IRINEU FRANCO PERPETUO  
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Theatro Municipal de São Paulo terá 48 récitas de ópera em 2013, com venda de assinaturas, e seu diretor artístico, o maestro John Neschling, afirma que irá dobrar o número até 2016.
Em almoço com a imprensa, anteontem, no Municipal, Neschling antecipou a programação da casa para este ano e explicou seus planos de restruturação administrativa da instituição, ao lado do novo diretor administrativo do teatro, José Luiz Herencia.

Haverá dez concertos da Orquestra Experimental de Repertório e 14 da Orquestra Sinfônica Municipal, trazendo convidados como os regentes Rinaldo Alessandrini e Aleksandr Vedérnikov, o pianista Pascal Rogé e a soprano Fiorenza Cedolins.
O Balé da Cidade deve fazer três produções, em abril, julho (celebrando o centenário de "A Sagração da Primavera", de Stravinsky) e setembro, enquanto o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo executa a integral de Beethoven na Praça das Artes.

A primeira ópera do ano é "Ça Ira", de Roger Waters, em maio, seguida por "The Rake's Progress", de Stravinsky, no mês seguinte, com regência de Jamil Maluf.
Em agosto, Neschling rege "Aida", de Verdi, em produção do cineasta turco Ferzan Ozpetek, estreada em Florença, em 2011.
Em outubro, Victor Hugo Toro, assistente musical de Neschling, rege um programa duplo com "Cavalleria Rusticana", de Mascagni, e "Jupyra", de Franscisco Braga, com Eliane Coelho no papel-título.
No mês seguinte, o primeiro "Anel" wagneriano de São Paulo tem continuidade com "O Ouro do Reno". A temporada fecha em dezembro, quando Neschling rege "La Bohème", de Puccini, em produção do Teatro Real de Madri, dirigida por Giancarlo del Monaco.
 
PARA 2014

No ano que vem, o maestro planeja reprisar "Bohème", "Aida", e encenar títulos como "Carmen", de Bizet, "Siegfried", de Wagner, "Ainadamar", de Golijov, e "O Diálogo das Carmelitas", de Poulenc.
Para 2014, está prevista ainda a inauguração do terceiro módulo da Praça das Artes, que integra com o Municipal um complexo cultural no centro da cidade. O novo módulo terá uma sala sinfônica com aproximadamente 900 lugares.
A reportagem visitou a Praça das Artes na tarde de anteontem e se deparou com um cenário de precariedade -nem os elevadores estavam funcionando.
A Folha apurou que, devido a falhas no saneamento, caminhões passaram o último final de semana a retirar dejetos do local. 

Fonte: www.folha.uol.com.br