segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mea culpa, mea maxima culpa!

Muito alarde estas últimas semanas, muita falação para pouco entendimento em relação a uma análise feita sobre o recital de música dos alunos de graduação em música da Universidade federal de Sergipe (RAMU). Sobre esta gravata pesa dentre outras coisas a acusação enciumada de eu não ter sido justo com aqueles que fizeram da noite um esplendor da música acadêmica em Sergipe. De ter-me atido além da conta em elogiar a uns em detrimento de outros, e principalmente de ter alegado escutar muita porcaria e o afirmá-lo sem pesar como podem verificar aqui. Vamos aos esclarecimentos mais uma vez: Este blog não é nada além do que a forma que busquei de expor as sensações que chegam até mim na forma de música e também de ajudar a divulgar o trabalho da música orquestral em Sergipe, fazendo com isso que estejamos mais atentos e pleiteemos maior qualidade sobre tudo daqueles grupos que são financiados por nós enquanto comunidade civil. De modo que não entendo a obrigação que me cobram sobre relatar tal qual a percepção individual de cada segmento. E nesse sentido afirmo que não fui injusto. Relatei o que dentro de meu entendimento deveria ser destacado e isso em nada diminui a importância da atuação de todos que passaram sobre aquele palco. Este blog, não é um blog jornalístico, comprometido com a crítica musical investigativa, não ganho dinheiro com ele e tão pouco ele é fonte de trabalho. Escrevo quando quero, sobre o que quero e da forma que quero, o que me leva a refletir e expor uma vez mais que este blog é apenas um deleite meu e que quem o leva a sério em demasia o faz com o risco inevitável de se envolver sem necessidade. 

Muito embora tudo isso, atendendo a uma conversa com meu primo (a quem o escutei com tranquilidade e verifiquei lucidez em suas colocações) entendi que para além de minha predileção em ser agradável sem necessidade com gente que nem de longe me importo, era importante que eu reconsiderasse e aparasse algumas arestas que ficaram flutuando soltas, de modo a que nos pontos que seguirão tentarei ser fiel à lógica que me fez não citar algumas apresentações:

Primeiro as apresentações de violão. É claro que para além de qualquer entendimento, foram apresentações muito bem executadas, se é isso que muito importa que se diga, não faz parte das porcarias que escutei. Não citá-los não foi lançá-los na vala comum dos incapazes de tocar, e como tocou. Se não os mencionei foi justamente por achar que apesar da técnica apurada (sobre tudo do Diego Lima que tocou um Villa Lobos em dedilhado sereno) os três violões que me recordo bem não ousaram em escolha de repertório. E apenas isso. Imagino que escolher um repertório deva ser algo intrinsecamente responsável e que vá além da predileção pessoal. O show é para o público e não apenas para nossa alma individualista. Algo que critico ferrenhamente em vários outros post e que concedeu ao Daniel Nery um destaque. Foi justamente a maturidade de escolher um repertório interessante mesmo que o fosse para um grupo que não se favorecia cantando que me fez gostar sutilmente de sua apresentação. Não há demérito na crítica, só não me surpreendeu e não vejo nisso crime. Aliás, vejo com positivismo que não tenha me surpreendido, já esperava dos violões uma apresentação correta, delicada como deveria ser.

Seguindo por aí não posso esquecer de dizer que o grupo que executou o Carinhoso foi infindamente empolgante por vários aspectos. Primeiro pela leitura doce, pela flauta encorpada e um entrosamento musical muito atento às respirações e às dinâmicas que fizeram dele tão gostoso de se ouvir. E embora tudo isso, não me importei citá-los justamente por também não achar que foram felizes na escolha: principalmente em se tratando de um público que na maioria, a grande maioria eram os próprios alunos de músicas e já conhecedores de todos os clichês possíveis no sentido daquele agrupamento em específico. O talento do agrupamento poderia ter ido além da obviedade do Barroso e nos mostrar algo avassalador.

Se houve de fato injustiças, confesso como preterido no título deste poste (ainda que não pareça meu amigo Társis Santos, está completamente escrito em Latim) foi em relação a magnifica ou surpreendente (até a raiz do cabelo) apresentação da cantora Hildriele. Surpreendente porque de tudo que esperei ouvir em termos de canção, não esperei um samba. E sobre tudo não esperei um samba tão bem cadenciado. Não cadenciado sem introspecção, mas ao contrário, cheio de vigor. Inicialmente tímido e inteiramente compreensível, mas crescente até se revelar potente e promissor. Se há consenso entre os que me acompanharam àquela noite, felizmente gira em torno de sua apresentação e da possibilidade de vê-la entoar outros cânticos e se mostrar plena. Porque de presença artística sua alma já está adornada.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A lógica tacanha aqui em Aracaju é: Se mostro os declives da Sinfônica de Sergipe é porque favoreço a OSUFS e se elogio particularidades na primeira, o faço em detrimento da segunda. De modo que esse post poderia ter dois títulos: Que concerto doce de se ouvir numa catedral em plena sexta-feira sem ficar em cima do muro e reconhecer uma boa condução sem medo do mesmo muro que me separa de já escutar que agora escrevo em favor de um terceiro grupo, ou de quando não há diferença em ser ovacionado num estádio lotado ou ser insultado por um bando de pessoas com o ego pouco valorizado: o único efeito é apenas barulho! Mas como tenho pouca paciência para escolher um dos dois prefiro imaginar que Ou devo ganhar muito dinheiro com a promoção alheia ou : De quando Pau mandado é o Caralho! Meu nome é Jonas Urubu: Porra!

Não menos importante escolha de repertório do primeiro concerto da série Sons da Catedral, no último dia 19 de abril pela Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE), foi a boa atmosfera com a qual se desenrolou a noite. Confesso que me espanto por vezes em perceber a atenção que me dou aos detalhes pequenos, e muitas vezes irrelevantes, confesso (como o fato de termos recebido não o programa da noite, e sim um já antigo). Esquecido a efemeridade disto que já julgo tão normal para nossos padrões de passividade frente aquilo que demanda dinheiro público, deixo aberto espaço para que minha memória se conduza através das execuções daquela noite.

Primeiro pelo Concerto para trompa nº3, K.447 do MOZART, em mi bemol maior e depois pela magnífica obra As vespas do compositor Inglês Ralph VAUGHAN-WILLIAMS até então desconhecido desta gravata. Em outro momento já havia tido aqui e aqui sobre a importância de trazer melódias conhecidas para nossos concertos, não como redenção, mas didaticamente compatível com a importância de formar plateias também a partir daquilo que já é referente a elas. Isso por si só derrubaria a fala do maestro assistente e condutor do concerto da noite Daniel Nery quando falou sobre a importância do concerto na Catedral Metropolitana e alegou ser um público não comum e alheio aos espaços de suas apresentações. Acertou em cheio quando executaram o tão conhecido concerto para trompa do Mozart. Primeiro por que vejo como muito importante (sobre tudo) termos mais e mais músicos de nossa orquestra sendo colocados em destaque como solistas, é não apenas a oportunidade de vermos diversidades solísticas, como também de vermos o dinheiro público sendo usado de fato (digo no sentido de perceber que alguns naipes não extraem absolutamente nada além de acomodação e enquanto for assim, melhor para quem preza não se expor) quando na verdade, submeter-se a um trabalho como esse deveria demandar primariamente qualidade técnica de seus pretendentes. E embora eu saiba que a falta de atrativos, principalmente o financeiro, distancie muitos bons músicos de querer se aventurar em nossa orquestra, os que o fazem deveriam ser respeitados dentro da perspectiva de ter oportunidade de mostrar-se.

Emerson Melo e Orquestra Sinfônica de Sergipe
De modo geral, a orquestra brilhou neste concerto. Não apenas o solista Paulista Emerson Melo, chefe de naipe das trompas, que o executou com tranquila destreza, e que embora tivesse sobre si todos os ouvidos por estar na condição de ser o destaque da obra, não aparentou descontrole emocional e adestrou com a maciez necessária as notas que diferencia as trompas de ser um instrumento da família dos metais. Foi realmente atrativo perceber a dinâmica de sua entrega quando junto com à orquestra entendiam bem executados os ralentandos e as dinâmicas de crescimento ou diminuendo de alguns trechos impostos pelo maestro e que conseguia fazer fluir de seu instrumento uma cadência regular, bem posta através de seu som doce e amadeirado. Já havia dito em outras oportunidades que era um naipe que me agradava em especial, de modo que o que ouvi me pareceu importante reflexo de uma linearidade latente. Assim como também justamente atrativo foi perceber o crescimento das cordas neste movimento, a atenção, e o detalhamento das notas (não falo de afinação (que demanda um outro tôpico exclusivo) e sim da execução clara no dedilhamento de cada nota, ao contrário do que visivelmente embolou por completo o início do Wagner) que fizeram com que o concerto tenha sido conduzido em justas proporções com uma clareza impressionante por quase todos os naipes. Se curvar para seu colegas músicos ao término da peça, imagino que não tenha sido mera conveniência. Afinal, se o seu solo fora fortuitamente gostoso de se ouvir, em parte o foi também pela vontade conjunta de fazer uma boa execução.

Já a suite As vespas, foi sem dúvida uma feliz anunciação para mim que a desconhecia assim como a seu compositor que sem dúvida demandou algumas horas de meu tempo escutando e reescutando sua obra em questão. Como bem explicado pelo Maestro Daniel Nery (ainda que eu desgoste dessa ideia didática de explicar as peças) a obra é uma obra para teatro inspirada na comédia do escritor grego Aristófanes, datada de 422 AC e com caráter estritamente fabuloso. A personagem principal é Procleon, um homem viciado na participação em atos de (in)justiça pública. Aqui, chama-se às pessoas como ele «vespas», porque espetam o ferrão onde mais dói. O seu filho, alguém bastante mais sensato, tenta forçá-lo a acabar com essa mania. Por isso fecha-o em casa. Impede-o de sair e, para o entreter, convence-o a julgar «um caso» doméstico banal: um cão que roubou um delicioso queijo da cozinha. É um julgamento muito divertido. O réu é um cão, e os jurados utensílios de cozinha, tais como uma panela, um ralador de queijo, um almofariz, uma braseira ou uma bacia de água. O juiz é, naturalmente, o próprio Procleón Esta é, portanto, uma reflexão sarcástica sobre o sistema judicial de uma sociedade supostamente democrática. Hoje será tocada somente a abertura orquestral da peça.

Intactamente a execução dessa peça fora um grande trunfo, não apenas por seu caráter inédito aqui em Sergipe, ou pelo dinamismo moderno descritivo como inseria as representações de cada elemento, assim como também  pela felicidade dinâmica que ela abarcou para o conjunto. Ainda que mergulhada na  fase academicista de seu compositor, essa obra dialoga visivelmente com elementos populares e folclóricos e visivelmente nos mostra os ritmos, escalas e esquemas melódicos próprios destas. O que de certa forma atenuou a leveza com a qual vi se desenrolar o concerto. Certamente o momento mais vivo do conjunto e também o mais apreciado pelos aplausos aquela noite. As cinco partes da obra foram uniformemente alegres e convidativas. Traziam em si o estranhamento de algo que é novo mas que aos passo em que se desenrolam se apresenta como algo envolvente e reflexivo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Contrabaixo é sim um instrumento melódico ou de quando eu realmente sinto preguiça em escrever o que todo mundo já sabe e tem medo de admitir

Ou então, o que foi que escutei no último sábado na sala de concertos da Sociedade Filarmônica de Sergipe (SOFISE)? Conversando com um amigo sobre se ele  interessava-se ou não pelo contrabaixo ele disse achá-lo feio e ressaltou que parte do desgosto era justamente por entendê-lo como um intrumento de base. Ri internamente enquanto ouvia o recital de piano e Contrabaixo apresentados pela Harpista sergipana Thaís Rabelo, a quem já falei de meu apreço aqui, e do contrabaixista Carioca Jair Maciel. Entrar no mérito das canções não seria justo diante do peso das execuções que preencheram a noite em bom som.

E acho que de fato a relevância daquela noite foi justamente perceber a importância de lançar-se, de apresentar-se como proposta alternativa para o que está posto. Alternativo no sentido de novo, de inusitado se pensarmos que a sociedade sergipana não está bem acostumada a entender que existem outros tantos espaços de promoção musical, que existam tantas outras alternativas de agrupamento musical. E eles existem, apenas não têm espaço e divulgação necessários para que possam formar plateia cativa. E antes de lançar-se, o mais importante é verificar a beleza que existe na cumplicidade, e não falo aqui do casal executando piano e baixo, falo da responsabilidade com a qual eles parecem ter lacerado os seus estudos. Fazer música é justamente entregar-se de alma para que ela tenha vida, mas sem esquecer o pragmatismo necessário para a lapidação do estudo. Sem apuro não existe ciência, e a música é também ciência. Conclusão que me fez como ouvinte ficar ligeiramente em paz. Por que ao contrário de composições cheias de virtuosismo, as execuções, algumas da própria autoria da Thais Rabelo, iam no sentido de mostrar a sutileza da música bem tocada, e essa diferença é atenuante de qualidade independente de movimento e afinidade com uma determinada literatura musical. Quando escutei "Chuva no sertão" consegui inteiramente me transportar para a seca, o conflito e a dureza da terra rachada, o céu limpo e carregado de sol, o pranto, a nulidade de não esperar mais nada quando a linha tênue do baixo fazia anunciação de que ter esperança é sempre melhor. E veio a chuva e decerto que essa metáfora não molha só a mim, mais sobre maneira a todos que esperam que a música em Sergipe floresça como chuva.

Orquestra Sergipana de Contrabaixos
E como um sopro, o lugar da música no último sábado foi sem dúvida um presente. Uma luminosidade para que tanta gente possa sonhar que é possível ser ouvido, que é possível fazer arte em nossa terra e ser visto. A OSCON não era apenas um monte de baixistas enfileirados sob o comando do seu regente, era sem dúvida não só a materialização da realização de um projeto ousado que ainda que inserido no também ousado e expressivo (projeto sergipano de orquestras jovem) idealizado pelo maestro Ion Bressan, consegue se eximir do aparelhamento ideológico e se afirma como variedade qualitativa e ótimo espaço de construção didática do ensino de Contrabaixo. Antes disso, era apenas mais um instrumento com poucas chances de ser preterido pelos aspirantes a músicos. Agora, é opção segura de que é possível que seja visto com grandeza, com autonomia em relação aos outros instrumentos. E a OSCON seguramente nasce já como um fruto vitorioso, pela legitimidade de suas escolhas musicais. Vai no aspecto de demonstrar a dinamicidade com o qual se pode abusar das possibilidades técnicas do instrumento e não confinar seu som apenas à base de uma sinfonia. Ele é seguramente audível, melódico e cortante sem deixar de ser delicado nos dedos de quem o acaricia. 

Seguramente essa sutileza foi passada aos seus alunos pelo professor Jair, que conheço muito pouco, mas a quem aprecio por se apresentar como luta. A extensão da luta necessária para que seja respeitado seu instrumento de trabalho, aquilo que escolheu como companhia de toda a vida. Imagino a felicidade, posso imaginar também as dores de permanecer intacto e dar prosseguimento a essa orquestra que deveria ser bem imitada por todos os naipes de instrumentos em Sergipe. Só teríamos a ganhar, a evoluir como gente e possibilitar às nossas crianças a possibilidade de entender que para além do dinheiro, existe amor quando se faz o que se ama fazer, ainda que a grande massa os olhe feio e naturalize o discursos da inutilidade de seguir fazendo algo desacreditado. E se desacreditássemos não poderíamos ouvir na noite de sábado a composição do 1º contrabaixo da OSCON como concretização da liberdade artística que o Maciel dá a seus alunos. Não era uma brincadeira para entreter a quem estava ali, era de fato uma composição, seu compositor ainda desconhecido de muitos tinha nome Erik Sarmento e tem talento. Era música feita para acalentar sem deixar de ser forte e ritmicamente marcada por nossos sons mais expressivos, estravassar os efeitos da alma justamente através da melodia de um piano apenas e um contrabaixo. E veio de uma alma jovem, que assim doce e utópica, se bem regada cresce e floresce. Asim como desejo que o seja com todos os filhos dessa terra amaldiçoada pela nulidade não valorativa de nossos artista.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Insensatez?

Ruminei vário dias entre o oficio de escrever ou não sobre o ultimo concerto da Orquestra Sinfônica de Sergipe ORSSE. Divaguei se deveria seguir com este blog do jeito que ele é, me dedicando a ele como me dedico e colhendo flores e espinhos. Mais espinhos aliás, muito mais, por sorte. E o fato é que o espaço que darei neste post não irá no sentido de remoer a dor de ver destruído o trenzinho do caipira (Bacchianas brasileiras nº 2), ou de procurar percussividade no Huapango e me frustrar por sentí-lo tão pouco latino, tão pouco fervente e inquietantemente reto tecnicamente. De sorte que ali estava o quarteto de violões Quaternaglia para salvar a noite desastrosa.

De sorte que passado uma semana, hoje a noite me deparei com um convite a assistir a 6ª edição do RAMU (que a bem da verdade não sei o significado, mas que imagino, seja: Recital de alunos do curso de música) realizado no Teatro Atheneu. E depois de digerir algunos tacos que he comido me ponho a pensar em tudo aquilo que ainda me dá esperança de dias musicais melhores. Vi muita porcaria, e não o digo com pesar, antes da exposição de si ou de algo há que ponderar o ônus e o bónus da recepção. Cantar é também um exercício sério, a voz é sobre tudo um instrumento e ecoa. Ainda que bem tímido, desafinado e insensato tanto quanto a escolha de não mostrá-lo como canto novo. O que por hora se recobra em conforto quando lembro três grandes pontos importantes nesta noite:

João Liberato
1. Mais do que executar, um músico de verdade, assim como o ourives, lapida. Amacia a coisa amada como se fosse o próprio ego. É uma relação doce entre amado e amante como postulou o velho rabugento Aristóteles ao falar da amizade. A virtude aristotélica consiste no esmero esforço do equilíbrio entre os vícios da falta e do excesso. Em posição de destaque se encontra a amizade, como virtude necessária no compartilhamento da felicidade. Vejo amizade entre João Liberato e sua flauta. Ouço esmero para além da predileção do som limpo e dos floreio longos, seguros e lascivos, existe talento em seu sangue. De modo que não consigo definir quem é o amante, quem é o amado. E embora exale no palco também a vaidade, essa, é permitida ao que assim como Narciso acha feio o que não é espelho. E quando a música é o espelho d'alma? Aí não vejo o rosto bonito, a pele bem vestida ou a altura de sua figuração: tudo é música, por que de resto, debaixo do sol, tudo é no fundo vaidade. 

Orquestra Sergipana de Contra-Baixos
2. A OSCON (Orquestra Sergipana de Contra-baixos) foi imensamente feliz em muitos aspectos. O primeiro, de existir. Sua concepção é um leque que se abre para que possamos quebrar a hegemonia das classes musicais em Sergipe. Houve um tempo em que não existia opção e que tudo emanava da erudição da Sinfônica de Sergipe. mas todos esses contra-baixos reunidos, musicais e pretensiosos como se apresentam, é uma jovem oportunidade de outros espaços, outras perspectivas musicais. E qualitativa como se pretende sob a direção do Contra-baixista Carioca Jair Maciel que não só oportunizou esse agrupamento, como o gesta como um filho. E embora eu veja doçura neste gesto, há que disciplinar para que vingue e se mostre grande como pretende todo pai. De certo que a criança já dá sinais de lucidez e longe vida. Espero vê-los correr sempre contra a perspectiva rasa de subordinação. Que caminhe sempre na direção da qualidade e do entretenimento, como o foi sob o tema da Pantera cor de Rosa do Mancini, e que os aplausos sejam só indicativo de festividade e mola impulsora por voos maiores, assim como a grandeza de vossos instrumentos.

Daniel Nery
3. Por fim, ou de sorte que tenha sido no fim, e eu tenha pensado tão mais sobre se valera a pena ou não ver o coral de alunos regidos pelo professor Daniel Nery. É certo e imagino que não haja enganação existencial de que o conjunto fora tão pobre e inexpressivo tal qual um pilar de tédio. O foi, e isso não anula o fato conclusivo e sobre o qual discorro com meus amigos e leitores mais frequentes deste blog. Existe demanda de talento no jovem professor. Não só em termos de metodologia de ensino (já que é visível a contribuição que vem dando ao núcleo de música da Universidade Federal de Sergipe). No caso de hoje a noite, a escolha do repertório. Inteligente, poético e tão brasileiro como a identidade que devíamos buscar como fazedores (sim, fazedores) de sons e ritmos musicalmente nossos. Não é a primeira vez que me sinto tentado a desejar que seja ele a reger.
Se o fosse por exemplo no concerto do Villa Lobos, certamente o trenzinho do caipira não teria descarrilhado e perdido a força na volta para a estação. Se o fosse antes no núcleo de música, quantos assim como eu, não se sentiriam tentados a ser um aluno do curso? Há seriedade em seu trabalho, há responsabilidade de entender os processos individuais e coletivos de maneira tranquila como quando reúne tipos de vozes diversificadamente despreparadas para um desafio do tamanho de uma quadrilha do Drummond de Andrade. Mas há também que retirar as vendas que o impede de antever o precipício diário de ser associado àquilo que não é por ideologia, ou é, ou é por estar, mas que não se deseja ser. De sorte que há todo o futuro pela frente, e o tempo para depurá-lo como vinho de boa safra que esperamos as vezes doze anos para bebê-lo e sentir que de fato a aquisição fora boa.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Habemus Programa anual de Concerto da Orquestra Sinfônica de Sergipe

Saiu ontem no site oficial da Orquestra Sinfônica de Sergipe e muito me alegra o entusiasmo com o qual o site descreve a série de concertos da temporada 2013. Há muita coisa interessante, há muitos desafios musicais e alguns tantos retrocessos. Bom mesmo vai ser finalmente começar a ver a música sergipana em questão como a homenagem à música popular brasileira e sergipana- Brasil Sinfônico (no mês de Junho) em que parte do programa será dedicado à obra do grupo sergipano Cataluzes. Assim como também podemos ficar de olho em acontecimentos inusitados e não menos grandiosos como as Variações sobre temas Rococó do Tchaicovisky, a finalmente aguardada (e tão ausente por tanto tempo) Sinfonia 40 do Mozart e o programa inteiro da série Laranjeiras I, por dois motivo: será o concerto que levará a Orquestra do céu ao inferno. Dentre tantos convidados e homenagens e o importante espaço que finalmente é dado à música popular nordestina nos festejos dos santos juninos.

De toda sorte, e a quem deseja já ir se preparando para algum eventual programa que mais lhe agrade, vale conferir e divulgar o programa anual de concertos aqui. Por hora, deixo o programada da série Mangabeiras I que acontecerá no próximo dia 4 de Abril de 2013 no Teatro Tobias Barreto:

Mangabeiras I

04 de abril de 2013
Mangabeiras I - Teatro Tobias Barreto
4, quinta-feira, 20h30
Festival Latino-Americano – Brasil Sinfônico

GUILHERME MANNIS, regente
QUATERNAGLIA, quarteto de violões
José Pablo MONCAYO
Huapango
Leo BROUWER
Gismontiana
Heitor VILLA-LOBOS
Bachianas Brasileiras nº2