sexta-feira, 18 de abril de 2014

Juro que todos os dias sonho em matar de vez este blog. Não o acho nada além de armadilha e ainda assim me sinto preso a seguir porque o amo, assim como amo a ORSSE ainda que me lembre o Gabo escrever quase em amarelo que o amor é uma cólera. Ou de quando Habemus Programa da temporada 2014 da Orquestra Sinfônica de Sergipe

Esperar o programa anual é quase a gestação de uma criança. E então me pergunto no espelho: 
_ Se o programa for muito mais do mesmo é equivalente a sentires que carregas nos braços uma criança feia? 
_ Tenho certeza que sim. E como todo pai imagino olhá-lo com os olhos de primeira vez. Sem tentar presumir o que será quando grande, se terá muitos e bons amigos, se serão poucos mas fiéis. Amará ou será amado? _ Será que haverá espaço para o ódio? 
_ Meu reflexo então respondeu paciente como se fosse a Roberta Sá e sem o riso cínico habitual no rosto ( não o dela, o meu. O meu eu no espelho) : _ Não há amor sem que uma hora o ódio venha e então que seja bendito o ódio que mantenha a intensidade do amor.
Não contente vasculhei umas fotos antigas; achei umas de mim criança e me pus a rir desenfreadamente com a feiura estampada em álbuns seguidos. Achei também umas de meus irmãos e mostrei ao mais novo. Não tínhamos certeza se era ele ou o outro. Ficamos confusos até ir tirar as conclusões. O pai respondeu que era o mais velho, e rimos sem parar como felizes por ser bem mais feios que nós dois ao que a mãe replica: Esse é você Elevi. 
_ Como a senhora sabe que sou eu? os tamanhos são diferentes e a cara não é a mesma.
_Tá ficando louco menino? Você saiu de dentro de mim esqueceu? 
Segui rindo, e não mais de nossas feiuras. Ria do quão simples é enxergar beleza onde não há, justo porque ali reside amor. E se é esperado como a um filho, se no parto doer e fizer chorar de emoção, ainda que nos primeiros passos tropece, que ao falar a primeira palavra não seja papai ( fazendo-o odiar o fato de ele não ter sido gerado em suas entranhas). No fim, rirá de contemplação e o abraçará como seu. E o é. 








Temporada 2014

  • Série “Música nas Igrejas” I

    25 de abril de 2014

    25, sexta-feira, 20h30
    Série “Música nas Igrejas” I – Primeira Igreja Batista de Aracaju

    GUILHERME MANNIS, regente
    MARCIO RODRIGUES, violino
    MIRNA HIPÓLITO, flauta
    ERICA RODRIGUES, flauta

    Georg Friedrich HÄNDEL
    Abertura do oratório “O Messias”
    Johann Sebastian BACH
    Concerto de Brandemburgo nº4, BWV 1048, em sol maior
    Felix MENDELSSOHN
    Sinfonia nº5, op.107, em ré maior, “A Reforma”
  • Laranjeiras I

    08 de maio de 2014

    08, quinta-feira, 20h30
    Laranjeiras I – Teatro Atheneu
    Concerto popular, Disney e Broadway

    DANIEL NERY, regente
    NALINI MENEZES, soprano

    Leonard BERNSTEIN
    Abertura Candide
    Stephen SCHWARZ
    Defying gravity, do musical “Wicked”
    Kristen ANDERSON-LOPEZ
    Let it go, do filme “Frozen”
    Andrew LLOYD WEBBER
    Think of me, do musical “O Fantasma da ópera”
    Claude SCHONBERG
    I dreamed a dream, do musical “Les Miserables”
    Johann Sebastian BACH/Leopold STOKOWSKI
    Toccata e fuga em ré menor
    Amilcare PONCHIELLI
    Dança das Horas, da ópera “La Gioconda”
    Paul DUKAS
    O Aprendiz de Feiticeiro

  • Cajueiros II

    22 de maio de 2014

    22, quinta-feira, 20h30
    Cajueiros II - Teatro Tobias Barreto

    GUILHERME MANNIS, regente
    DANIEL GUEDES, violino
    CORO SINFÔNICO DA ORSSE
    DANIEL FREIRE, regente

    Ludwig van BEETHOVEN
    Abertura Egmont
    Richard WAGNER
    Abertura e coro inicial da ópera “Os Mestres Cantores de Nurembergue”
    Coros “Einzug der Gäste” e “Beglückt darf nun”, da ópera Tannhäuser
    Johannes BRAHMS
    Abertura Trágica, op.81
    Ludwig van BEETHOVEN
    Concerto para violino e orquestra em ré maior, op. 61, em ré maior
  • Mangabeiras I

    05 de junho de 2014

    05, quinta-feira, 20h30
    Mangabeiras I - Teatro Tobias Barreto

    MPB Sergipana – Patrícia Polayne

    DANIEL NERY, regente

    O circo singular
    Sapato novo
    Arrastada
    Lentes de contato
    Quintal moderno
    Aparelho de memoriar
    O dote da donzela
    Rio Sim
    Sabiá, beija-flor
    Para o infinito
    Olhai o tempo do interurbano
  • Laranjeiras II

    27 de junho de 2014

    27, sexta-feira, 19h
    Laranjeiras II – Museu da Gente Sergipana

    GUILHERME MANNIS, regente

    Homenagem à cantora “Clemilda”

    Forró sem briga
    Recado a Propriá
    Rodero novo
    Fazenda Taquari
    Morena dos olhos pretos
    Guerreiro Alagoano
    Exaltação a Sergipe
    Prenda o Tadeu
    Recado pra Zetinha
    Dança Kerrenca
    Bilhete pra comadre Dinha
    Mamar na vaca ninguém quer
    Com menos gente
    Prenda o Tadeu
  • Cajueiros III

    10 de julho de 2014

    10, quinta-feira, 20h30
    Cajueiros III – Teatro Tobias Barreto

    GUILHERME MANNIS, regente
    CORO SINFÔNICO DA ORSSE
    DANIEL FREIRE, regente

    ROSANA LAMOSA, soprano
    CAROLINA FARIA, mezzo-soprano
    PAULO MANDARINO, tenor
    SEBASTIÃO TEIXEIRA, barítono

    Giuseppe VERDI
    Hino das nações
    Johannes BRAHMS
    Variações sobre um tema de Haydn, op.56a
    Anton BRUCKNER
    Te Deum
  • Mangabeiras II

    24 de julho de 2014

    24, quinta-feira, 20h30
    Mangabeiras II – Teatro Tobias Barreto

    DANIEL NERY, regente
    ANTONIO LAURO DEL CLARO, violoncelo

    João Guilherme RIPPER
    Psalmus
    Nino ROTA
    Concerto para violoncelo e orquestra
    Ralph VAUGHAN-WILLIAMS
    Sinfonia nº2, em sol maior, “Londres”
  • Mangabeiras III

    07 de agosto de 2014

    07, quinta-feira, 20h30
    Mangabeiras III – Teatro Tobias Barreto

    JUAN TRIGOS, regente convidado
    TAMILA SALIMDJANOVA, piano (vencedora do concurso BNDES)

    Piotr I. TCHAIKOVSKY
    Concerto nº1, em si bemol maior, para piano e orquestra
    Juan TRIGOS
    Sinfonia nº2, versão de câmara
    Alberto GINASTERA
    Variaciones Concertantes
  • Laranjeiras III

    27 de agosto de 2014

    27, quarta-feira, 20h30
    Laranjeiras III – Teatro Atheneu

    GUILHERME MANNIS e JAMES BERTISCH, regentes

    Edital da música sergipana – Cantores e bandas da terra
    Beatles Sinfônico
    Eleanor Rigby
    Got to get you into my life
    She’s leaving home
    Strawberry fields forever
    Penny Lane
    All you need is Love
    I am the walrus
    Pepperland (George Martin)
    Glass onion
    Martha, my dear
    Here comes the sun (George Harrison)
    Golden slumbers – Carry that weight – The end
  • Mangabeiras IV

    11 de setembro de 2014

    11, quinta-feira, 20h30
    Mangabeiras IV - Teatro Tobias Barreto
    An American Tour – Obras populares americanas

    LUIZ MALHEIRO, regente
    DANIELA CARVALHO, soprano

    Samuel BARBER
    Abertura “The School for Scandal”, op.5 (1931)
    Knoxville:  Summer of 1915
    Intermezzo da ópera “Vanessa”, op.32 (1957)
    Andromache\'s Farewell, op.39 (1962)
    George GERSHWIN
    Abertura da ópera “Porgy and Bess” (1935)
    Summertime, da ópera “Porgy and Bess” (1935)
    Harold ARLEN
    Somewhere Over the Rainbow (1938)
    Cole PORTER
    Medley (Begin the begin - So in love - I\'ve got under my skin - Night and day)
  • Cajueiros IV

    25 de setembro de 2014

    25, quinta-feira, 20h30
    Cajueiros IV – Teatro Tobias Barreto

    GUILHERME MANNIS, regente
    ALESSANDRO BORGOMANERO, violino

    Piotr I. TCHAIKOVSKY
    Serenade Melancolique
    Henry WIENIAWSKY
    Concerto nº2 para violino e Orquestra
    Piotr I. TCHAIKOVSKY
    Sinfonia Manfred
  • Mangabeiras V

    09 de outubro de 2014

    09, quinta-feira, 20h30
    Mangabeiras V – Teatro Tobias Barreto

    HELDER TREFZGER, regente convidado

    Heitor VILLA-LOBOS
    Sinfonietta nº1
    Renato GOULART
    Três momentos Sinfônicos
    Wolfgang Amadeus MOZART
    Sinfonia nº41, em dó maior, “Júpiter”
  • Laranjeiras IV

    22 de outubro de 2014

    22, quarta-feira, 20h30
    Laranjeiras IV – Teatro Atheneu

    VICTOR HUGO TORO, regente convidado
    DANIEL FREIRE, piano

    Charles GOUNOD
    Suíte Fausto
    George GERSHWIN
    Rhapsody in Blue
    Joseph HAYDN
    Sinfonia nº104, em ré maior, Londres
  • Cajueiros V

    06 de novembro de 2014

    06, quinta-feira, 20h30
    Cajueiros V – Teatro Tobias Barreto

    DANIEL NERY, regente
    JAIR MACIEL, contrabaixo

    Wolfgang Amadeus MOZART
    Abertura da ópera “A Flauta Mágica”
    Frank PROTO
    Fantasia sobre a ópera “Carmen”, para contrabaixo e orquestra
    Ludwig van BEETHOVEN
    Sinfonia nº6, op.68, em fá maior, “Pastoral”
  • Série “Música nas Igrejas” II

    21 de novembro de 2014

    21, sexta-feira, 20h30
    Série “Música nas Igrejas” II – Primeira Igreja Batista de Aracaju

    GUILHERME MANNIS, regente
    FÁBIO FREITAS, saxofone

    Heitor VILLA-LOBOS
    Concerto para Saxofone e Orquestra
    Hector BERLIOZ
    Sinfonia Fantástica
  • Laranjeiras V

    04 de dezembro de 2014

    04, quinta-feira, 20h30
    Laranjeiras V – Teatro Atheneu

    DANIEL NERY, regente
    HEINZ SCHWEBEL, trompete

    Camille SAINT-SAËNS
    Dança macabra, op. 40
    Alexander Arutunian
    Concerto para trompete e orquestra
    Franz SCHUBERT
    Sinfonia nº4, “Trágica”
  • Natal da Gente Sergipana

    06 de dezembro de 2014

    06, sábado, 17h
    Museu da Gente Sergipana

    GUILHERME MANNIS, regente

    NATAL DA GENTE SERGIPANA
  • Cajueiros VI

    18 de dezembro de 2014

    18, 19 quinta e sexta-feira, 20h30
    Cajueiros VI – Teatro Tobias Barreto

    GUILHERME MANNIS, regentes
    CORO SINFÔNICO DA ORSSE
    CORO INFANTIL DA ORQUESTRA JOVEM DE SERGIPE
    DANIEL FREIRE, regente
    NALINI MENEZES, soprano
    ROZIEL BENVINDO, barítono
    JONATHAS MATHIAS, tenor

    Carl ORFF
    Carmina Burana

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Nunca recuse um convite de ir comer Peruvian food achando que um Villa Lobos pode te preencher mais. A fome se duplicará até te lembrares que esta noite choveu muito nas pedras de tua rua.

1. Continuo creditando muita expectativa sobre o trabalho do Maestro adjunto da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) Daniel Nery, ainda que ele tenha se arrastado sobre o próprio peso ao reger a 7ª Bacchiana do Heitor Villa Lobos esta noite. Não duvido que suas tentativas de levar bom entretenimento passa antes por uma dedicada análise conjetural. Como quando se compromete a aproximar-se da plateia de maneira leve e natural, ou de quando há que se notar que nada pode contra a ineficiência técnica de determinado setores sob a sua regência.

1.1 Muito boa a escalação do programa desta abertura de temporada (e não, o concerto de aniversário de Aracaju não havia sido a abertura como divulguei aqui, ainda que eu não entenda a anulação de um pelo outro.) Juntos o Prelúdio para a tarde de um Fauno, de Claude Debussy, a Pavane op. 50 de Grabiel Fauré e a sétima Bacchianas brasileiras do compositor brasileiro Heitor Villa Lobos somam uma atmosfera de doçura e viagens vibrantes por movimentos distintos como o Impressionismo, Romantismo e o Modernismo. 

2. Fico feliz sempre que ouço a flauta da Mirna Hipólito e para além do que foi o todo hoje, nesta peça em questão,  ao entregar o tema do Fauno para a querida Oboé (que desconheço o nome, já que procurei referências suas no programa, mas ele está um tanto desatualizado) pude sentir que um minuto apenas que seja, vale um concerto inteiro de esperança.

3. E justo para reparar uma injustiça descabida de quem não lê o que escrevo e brinca de telefone sem fio: Quando falo do desgosto pessoal pelas madeiras das ORSSE tenho claro o brilhantismo dos que brilham como o Clarinetista Felipe Freitas (que hoje mais que tudo, em muitos momentos arrancou fôlego para salvar a beleza, como  lá pelo 5 minuto da Pavane ) e o Fagotista Isaac Soares que para além do programa, sempre nos arranca atenção para o som desconhecido e misteriosamente tão bem empostado de seu instrumento. 

4. Repito que me alegra ouvir a Thais Rabelo conduzir a Harpa, e ainda que soe clichê a defesa do músico sergipano em seu ingresso intermitente nos espaços musicais em nossa província. Há muito talento nela por defender.

5. Se há algo de sonoro e bonito nos violinos como o foi hoje em bons momentos, como quando pareciam querer salvar o fiasco que foi o Villa Lobos, lá do meio para o final do segundo movimento (quadrilha caipira) ou durante toda a fuga no quarto movimento, é ver se destacar lá no final do naipe de violinos primeiros o curitibano Eduardo Linzmayer. Ao que me pergunto diante de tamanha desenvoltura com a qual brinca de tocar e com isso faz festa, assim como o faz a primeira estante, o que ainda estão fazendo se perdendo nesta orquestra. Não há dúvida que haja destreza e potencial para o voo além fronteiras. Espero que não caduque o tempo nem seja cruel a paralisia que corrompe o desejo de seguir. 

6. Deus salve minha cabeça  e os Cellos da ORSSE.

6.1 Deus salve minha cabeça e os Oboés da ORSSE

7. Deus salve minha cabeça e desfaça a confusão aparente na qual os metais mergulharam neste 10 de abril. Que não seja reflexo do ano inteiro.

8. Isso tudo para desfazer o maldito que encontrei escrito aqui de que ano após ano os músicos da ORSSE vem crescendo e aprimorando a ênfase dos programas trabalhados. O concerto de hoje foi prova minuciosa de que tentar desviar o caminho da naturalidade como quem tapa o sol com a peneira não é em si uma boa abordagem. 

9. Assim como não entendo o comprometimento por parte da Secult, já que é ela quem subsidia as atividades de nossa orquestra, em fingir de maneira ensandecida  que a ORSSE só existiu desde o Maestro Guilherme Mannis para frente. Não é uma questão de defesa pessoal ao Maestro Ion Bressan como rotulam muitos a meu respeito, e sim um ataque direto à ignorância dos que esquecem que bem antes dos dois maestros a Orquestra já tinha uma história sob a direção de tantos outros regentes e situações sócio-economicas como o Maestro Sergipano Rivaldo Dantas. 

9.1 É sem duvidas um crime grave contra a memória da construção da cena musical no nosso Estado que seu site ou veiculações jornalísticas não apresente minimamente a ORSSE desde a sua fundação na década de oitenta e apresente-a como ativa e regular apenas a partir do ano de 2007 como pode ser conferido aqui.

10. Tudo isso para que voltemos ao ponto inicial: Para quem serve e a que serve termos uma instituição tão cara que não preserva as raízes memorialistas de nossa história e passa por cima de conceitos mínimos como o de não entender o público sergipano e os artistas da terra como parte integrante de seu funcionalismos. Fazer essa tal integração inclusive, vai além de promover um concerto alusivo as obras da Disney e Broadway e estigmatizá-lo como popular, ferindo o caráter inicial e melódico das composições eruditas, ou de achar que nossa identidade é apenas o Forró. Que venha Cremilda e Polayne, mas que também se comprometa a conhecer nosso folclore como música de raiz...

terça-feira, 8 de abril de 2014

De cuando hay mucho más de Brasil en Medardo Casaibanda e de Ecuador en Ion bressan de lo que se pueda decirlo! O también de cuando soy loco por ti America, soy loco por ti de amores: Tenga como colores La espuma blanca De Latinoamérica y el cielo como bandera...

A última sexta-feira dia 4 de abril foi sem dúvidas uma noite memorável para a Orquestra Sinfônica da Universiade Federal de Sergipe (OSUFS) que recebeu para uma noite de concerto na igreja Católica do São José, na cidade de Aracaju, o maestro Equatoriano Medardo Casaibanda. Fazia tempo e a OSUFS não se mostrava. Ao menos não como imagino que deva ser. Sozinha e única como fim em si mesmo. Os concertos últimos eram todos uma emaranhado de tantas orquestras funcionando juntas e confesso isso me fazia não ter tanto ânimo em ir visitá-la.

Medardo Casaibanda
Ânimo esse que se restabeleceu ao recebermos em nossa cidade um maestro que não veio apenas reger e sim mostrar quão diverso e qualitativo é o nosso cone sul aqui na América Latina. E por minutos que ecoam cada vez que lembro bonitas passagens daquela noite, veio restabelecer o elo que existe entre o fazer musical e o ser músico. É inegável a injeção que sua presença trouxe ao conjunto que ensaiou e se apresentou de maneira ardorosa e empenhada como nem sempre o é.

Orquestra Nacional do Teatro Cláudio Santoro (OSTNCS)
E se o público presente não era tão farto como o foi no teatro Pedro Calmon em Brasilia quando o mesmo Casaibanda regeu o Concerto n º 3 para Piano e Orquestra em Dó menor , op. 37 de Beethoven, a regência leve e comprometida em extrair ao máximo tudo quanto foi desenhado nos ensaios entre coro e orquestra usurpou qualquer declive e deu ao público presente um concerto ideal. Satisfatório e didaticamente comprometido com a formação de uma plateia mais atenta às várias possibilidades que uma orquestra tem ao executar obras sinfônicas e de como se portar diante dela em execução. O concerto neste ponto foi o que de mais interessante me veio já que pude ouvir desde Tchaikovsky com a Suíte Quebra nozes numa dinâmica de cadência não tão óbvia como de costume e que muito me impressionou pela brincadeira que fez dela cadenciada e até circense principalmente quando o foco era a Valsa das Flores, até mesmo o Réquiem de Mozart ou o tão conhecido Can Can de Offenbach. Todas tão vibrantes quanto o meu desejo de que o concerto representasse muito além do que mais um dia isolado para metade da própria orquestra que desacredita a existência de boas possibilidades por parte de seu conjunto e que bem entendo, pode realmente ser menos passiva e se mostrar muito mais séria do que é. Menos preguiçosa do que vejo quase sempre. E embora eu entenda o caráter acadêmico de estruturação da OSUFS e os tantos percalços pelos quais ela se lançou até saltar do papel à realidade como esforço do Maestro Ion Bressan e ser mais um espaço real de oportunização da prática orquestral para muitos jovens universitários, vejo também do outro lado da moeda uma bagunça estética constante e uma desenfreada falta de bon senso educativo. Espero, a falta de educação dos músicos (os sopros mais que tudo) e também espantosamente o coro reflitam sobre todas as vezes em que o Maestro Medardo tenha pedido silêncio ou falado sobre a importância dele para que um conjunto possa se entender como um trabalho coletivo, e que essa reflexão não leve à constatação de que se a roupa suja se lava em casa, que o maestro Ion  (Regente e diretor artístico da Orquestra) os ensine a lavar com sabão que faça menos espuma: assim como no salto ornamental, que quanto menos água espirrar, melhor desenvoltura do candidato).

Mas para além de qualquer irritação aparente, dessas que saltam da observação falaciosa de um Jonas Urubu comprometido em levar a discórdia e o fel em forma de escrita, o concerto, esse o mais importante para todos que se dispuseram a vê-lo, muito me alegrou dentro da dinâmica simples de alcançar o alvo e se mostrar como o inicio de uma temporada que pode ser muito produtiva, e assim desejo. Se era proposital ou não, conseguiu ao menos mostrar que sim, ainda que com tão poucos recursos é possível ser vistosa e plural.
Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Sergipe (OSUFS)
Que a vinda de um Maestro equatoriano tenha mostrado a tanta gente desatenta que nós aqui no Brasil vamos sempre na contramão artística ao nos aproximarmos do público como se fosse Europa e esquecemos que a latinidade, a simplicidade não menos rica e comprometida com o esmero dos povos latinos dialoga muito mais com nós mesmo do que possamos imaginar, assim como ouvir a execução de uma dança tipicamente equatoriana, com todos os sons, sabores e cores que se materializavam fácil para se transformar no nosso samba tão bem dançado sem os exageros de fazer com que o estrado fosse também instrumento na Aquarela do Brasil (do brasileiro Ary Barroso) tão docemente orquestrada pelo maestro Bressan.