Outro dia numa roda de amigos me perguntaram o motivo do meu interesse pelo idioma Castellano, não titubeei ao afirmar que devia-se por questões culturais, de apropriação de algo com maior veracidade. Quando eu tinha 16 ou 17 e dava os primeiros passos no idioma, imaginava que seria incrível ler "Cem anos de solidão" do García Márquez na língua materna do autor colombiano. Não estava de todo equivocado e por isso minha jornada por ler o Hugo em Francês o Dante em Italiano ou recentemente aquele box incrível da saga Harry Potter que presenteou-me meu irmão de quando seu intercâmbio nos Estados Unidos. Hoje tudo isso continua a fazer sentido mas ultrapassa a questão literária.
As possibilidades musicais para além da prática de um instrumento pode e deve ser ampliada através do domínio de uma língua estrangeira. Não são poucos os exemplos de amigos ou desconhecidos nos jornais que são mostrados conquistando outros palcos pelo mundo afora. Tudo isso, passa antes, por uma bateria de meses, semestres ou até mesmo anos de estudo nas universidades, conservatórios e academias de música em países de tradição (ou não) na música. É certo que ninguém em absoluto é incapaz de lançar-se rumo ao desconhecido sem dominar minimamente a língua daquele local, mas que sabê-lo facilitará nossa vida e abrirá caminhos menos tortuosos em termos de comunicação e adaptação, isso sim.
Não é preciso desejar estudar fora pra enxergar a importância de um outro idioma, nesta perspectiva, a universalidade do inglês é fundamental e isso faz-me recordar um Masterclass que participei (como observador) há uns três anos atrás e de como era vexatório o desconforto dos professores diante da total incompreensão por parte dos presentes. Não havia comunicação e com isso, tempo e conhecimento quase esperdiçados. Não, não é obrigação de ninguém adequar-se, ou é: depende dos objetivos a seguir, quase sempre na rotina de músicos que se prezam (porque tem muito "profissional" que não) ir a congressos, festivais, circuitos de música e afins. Não há como desprezar a importância de um outro idioma que conecte você ao mundo de possibilidades e contatos, sejam profissionais ou não. Repensar isto certamente te fará comprar com mais facilidades aquelas cordas em site gringo, ver aquela entrevista marota com o seu ídolo na música, viajar o mundo em busca de melhor entendimento e inserção no seu universo, isso tudo sem precisar sair de casa, ao alcance do teclado e do monitor para digerir a internet.
Por ora indico o Oblivion Happy do quarteto de Berlim e deixo pra outro dia o segundo exemplo que abordaria, de quando uma amiga violinista recebeu um convite sério de ir passar uma temporada em terras andinas tocando com uma orquestra expressiva e não moveu uma palha sequer pra que fosse realidade esse intercâmbio bacana!
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