segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

1º Festival de Violão de Sergipe - FEVISE ou de quando escrever sobre violões num dia quente e sem o acalanto de Dorival é como ouvir a Rachel Sherazade defender o que é Esquerda ou Direita como se fosse meu amigo defendendo a assinatura criminosa da trilha do Antônio Pinto em O amor nos tempos de cólera!

Acho que a única vez que falei sobre violão aqui neste blog foi quando apresentei o Cd duo do Daniel guedes em parceria com o violonista Mario Ulloa. E não por gostar menos das possibilidades musicais do instrumento. Fico feliz em voltar neste espaço e falar sobre uma ótima iniciativa do Núcleo de Música da Universidade Federal de Sergipe com o Estado de Sergipe através da Secretaria de Cultura, que é justo o 1º Encontro de Violão de Sergipe - FEVISE. Já falei em outras oportunidades sobre a falência de um curso de música compatível com a realidade não só da licenciatura ( ainda não compreendida pela própria UFS (vide a grade curricular do curso)) aqui em nosso estado, e de como é função primeira a do curso universitário, transformar o cenário cultural à nossa volta como pragmatismo da extensão universitária.  Se preciso for fazendo as pontes necessárias que ultrapassem os muros da universidade.

A parceria entre as duas instituições veio bem a contento no sentido de se apresentar como mais uma
oportunidade não apenas de entretenimento, mas também a de espaço acadêmico em que não apenas o fazer musical como também  o mercado, a demanda, a aproximação  entre público e palco estejam em pauta para um desenvolvimento reflexivo do espaço da música em nossa sociedade, nesse caso através de um instrumento tão conhecido de todas as camadas, mas que ainda virgem para muitos como perspectiva não apenas popular. Nessa configuração que acontecerá sempre no Palácio Museu Olímpio Campos, já passaram por lá desde professores da UFS, alunos e convidados dentro e fora do estado como Emanuel Vasconcelos, Gilson Antunes, Marcos Ferrer, Lucas Pinheiro, Quarteto de violões de Sergipe, dentre tantos outros nomes que despontam.

Pude presenciar na última sexta-feira um concerto duo do flautista e professor da UFS João Liberato e Ricardo Vieira, a quem desconhecia mesmo depois de tantas tentativas de minha amiga blogueira Thirza Costa do Violinos de salto, em apresentar o seu talento, e nasceu para mim naquela noite como um oásis. Nele pude escutar desde jaques do pandeiro a Piazzolla, ou mesmo a bonita interpretação de Água e vinho do Eriberto Gesmonti seguida de duas peças autorais composta pelo sergipano Saulo Ferreira. O que me fez lamentar ainda mais o fato de não ter podido ver a primeira edição do projeto mas dedicar meu tempo a que se conheça a iniciativa e indicar aos leitores deste espaço, essa oportunidade como uma boa observação à ruptura da ociosidade artística em nosso Estado. 

O projeto que vai até o dia 23 de maio, acontece sempre às sextas as 19:00h e recebe como entrada  1K de alimento não perecível que será devidamente ofertado a instituições de caridade. Com repertórios que passeiam didaticamente desde o popular até o erudito, o FEVISE é um bom espaço de diálogo sobre o campo musical e suas possibilidades acadêmico-artísticas. Espero que vingue, que se propague e não se esqueça em alguma gaveta institucional. Vale conferir. 

Um comentário:

  1. Muito boa a proposta do FEVISE. E o fato de estar acontecendo de maneira tão qualitativa só engrandece o projeto, que esperamos que inspire tantos outros. Quão agradável foi ver a face de João Liberato para além de professor e Ricardo Vieira para além do Brasileiríssimo. Incrível duo!

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