Imagino pra mim mesmo que esse hiato que me
separou do último post tenha me feito ver as casas reais muito mais próximas à
sua real conceptura. Vi diante de mim tantas e tantas posições. Fraquezas,
medo, discordância, atrocidades com a arte musical aqui em Sergipe Del Rey. E o
mais bonito de toda essa nuance é que ela acontece quase que sorrateira, como
um ladrão que se precipita para dentro de nosso jardim e rouba a rosa preferida
como se também não antevisse que o dono do jardim, mesmo que tarde, uma hora
fosse proteger-se. E pra isso não precisa que haja muros, nem grades e cercas
elétricas. Meu silêncio em nada é recuo. Ao contrário. O tempo de silenciar me
recompõe para que eu escreva sobre e quando quiser. E não há como não
sê-lo. Hoje por exemplo, o instinto pulsa mais que no inicio deste blog.
E descreverei com clareza o que faz deste post tão contraditório e difícil de
sair.
A questão que rodeia minha cabeça por tanto tempo
é a seguinte: Até que ponto nós sergipanos como público somos tão inocentes em
relação aos mandos e desmandos gerenciais que permeiam nossa cultura sem que
nos importemos, sem que de fato entendamos que todas as questões, inclusive as
relações pessoais nesse sentido, sejam políticas? Isso tudo para que eu
responda a mim mesmo que ainda vai levar algumas eternidades para que alguém se
disponha a por fim no quesito "brincar de orquestra de nível
internacional". Sim, porque se o discurso hierárquico é de que agora temos
uma das orquestras mais atuantes do eixo norte e nordeste, vamos começar fazer
jus à clarividência. Consigo compreender que a ORSSE tenha dado um salto, e já
evidenciei aqui em outro momento. Mas não consigo compreender como ao mesmo
tempo em que temos a possibilidade de ir adiante à transformação, insistimos em
ficar no meio do caminho. E nisso credito a culpa diretamente a duas pessoas. A
primeira, da secretária da cultura (na pessoa da SECULT) que parece fechar os olhos para o que é tão
óbvio. Se hoje logramos o status de uma das orquestras mais atuantes do norte e
nordeste é porque o compramos em duas perspectivas. A primeira, da veiculação
do discurso, que apesar de ser questionável em termos técnicos, é de função
nossa vendermos os produtos do estado (ainda que esse, não dialogue em nada com
nossas raízes, nossos desejos, nossa identidade), a segunda no sentido de que
não é preciso ser muito entendido em termos licitatórios para compreender que
pagamos e pagamos muito caro para fingir que somos boa orquestra frente a
regentes de renome nacional e internacional (que claro, não dispensariam por
pouca bagatela um "convite" nosso). O segundo culpado, e o digo sem
medo que me coma o fígado (afinal, só resta um e antes que ele acabe preciso
escrever) sem sombra de dúvidas é o maestro Guilherme Mannis.
Já falei aqui antes e repito com desejo de que
soe e ressoe minha indignação frente à falta de respeito com que esse senhor
conduz a nossa orquestra. Não é a primeira vez só nessa temporada que eu falo
explicitamente da falta de respeito que existe por parte da direção no sentido
de mudar um repertório, cancelá-lo ou qualquer coisa nesse sentido. Não existe
coisa mais depreciativa que se encher de expectativa diante de um repertório e
então dar de cara com um recorte bonito do que fora vinculado antes. Por
exemplo: 22 de novembro de 2012... Onde foi parar O
Patriota, ET, Pearl Harbour, Superman, Jurassic Park...? Certamente juntaram-se
a Petrouscka.
E por isso explico aqui meu
pesar do primeiro parágrafo. Não desgosto menos o repertório que está posto
para a quinta-feira dia 22 de novembro de 2012. Vai ser incrível, desejo que o
seja, e fico feliz que trilhas como a do filme Jurassic Park esteja
efetivamente de fora das execuções. Estou feliz, excitado e tão empolgado a ponto
de convidar amigos para que vão ao concerto. É meu dever como mantenedor da
orquestra, assim como também é meu dever que eu não me cale só porque o
repertório favorece meu ego. Como também é meu dever supor entender que mais
uma vez volto à questão de escolha do repertório como um atavio à nossas
necessidades. É sobremaneira uma escolha elitista, que só dialoga com uma
parcela mínima das pessoas que irão ao teatro. Cadê o espaço para a musica
nacional? Onde ficou a sapiência entre mesclar bons repertórios de cinema
mundial ao invés de trazer quase que um concerto inteiro alusivo à obra do
Johnn Williams? Muito me espanta que nessa noite em que vamos falar de cinema
não exista sombra alguma do mestre Italiano Ennio Morricone e seu
fabuloso Cinema Paradiso.
E ainda que o concerto não seja mais em comemoração ao aniversário de 150 anos do Debussy, vamos lá. Bom concerto.
Orquestra Sinfônica de Sergipe - Série Cajueiros IX
22 de novembro de 2012, 20h30
Teatro Tobias Barreto
Ingressos: R$20,00 (inteira), R$10,00 (meia)
"Cine Orquestra - Grandes Trilhas Sonoras do Cinema Mundial"
Daniel NERY e Guilherme MANNIS, regentes
Márcio RODRIGUES, violino
John WILLIAMS
Raiders March - Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida
Super Man March - Super-Homem
Suíte Star Wars
A Lista de Schindler
Suíte Sinfônica de Harry Potter e a Pedra Filosofal
Carlos GARDEL
Por una cabeza - Perfume de Mulher
Howard SHORE (Arr. Bob Cerulli)
Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel
Klaus BADELT (Arr. Ted Ricketts)
Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra
22 de novembro de 2012, 20h30
Teatro Tobias Barreto
Ingressos: R$20,00 (inteira), R$10,00 (meia)
"Cine Orquestra - Grandes Trilhas Sonoras do Cinema Mundial"
Daniel NERY e Guilherme MANNIS, regentes
Márcio RODRIGUES, violino
John WILLIAMS
Raiders March - Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida
Super Man March - Super-Homem
Suíte Star Wars
A Lista de Schindler
Suíte Sinfônica de Harry Potter e a Pedra Filosofal
Carlos GARDEL
Por una cabeza - Perfume de Mulher
Howard SHORE (Arr. Bob Cerulli)
Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel
Klaus BADELT (Arr. Ted Ricketts)
Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra
Fonte: http://www.orquestrasinfonica.se.gov.br/temporada
http://sinfonicasergipe.blogspot.com.br/
que soe e ressoe! parabéns (:
ResponderExcluirCom tantas "facetas" porque não uma entrada franca. Respeito e desrespeito: a cultura à mercê dos políticos.
ResponderExcluirSimples Konstantino. Puramente porque não reclamamos nunca. Nós pagamos o acesso à cultura em ergipe duas vezes, com os impostos e quando pagamos a entrada. Então não é dever constitucional do estado o acesso a educação, cultura e lazer? E bem sabemos que há como fazê-lo sem danos aos cofres públicos. Corte de gastos excessivos por exemplo... Menos Karabitchevisk e mais investimento no corpo da orquestra, que por sinal deveria ser mil vezes mais bem remunerado.
ResponderExcluirA cultura virou mercado. E infelizmente, somos ruralistas. O que leva a um pequeno grupo com regalos e um maior com apenas pão e circo.
ResponderExcluirdeveria ser mais valorizada em Sergipe, mas as pessoas não gostam muito do gosto musical e por isso perdemos algo de alucinante no estado que possa ate crescer.
ResponderExcluirconforme a a trilha sonora de filmes ficaria mais interessante com orquestra.
apesar de tudo parabéns e continue com luta com oque vc gosta
Repertório de patrimônio público precisa agradar e respeitar o público. Não se forma platéia amante de música erudita nas 'coxas'. Formação escolar; programação cultural em rádio e tv; dias, horários e ingressos acessíveis e, principalmente, respeito ao público. O que temos, ainda é para uma elite e para alguns currículos.
ResponderExcluirRepito o que disse o companheiro Konstantino:
ResponderExcluir"Repertório de patrimônio público precisa agradar e respeitar o público"
Há algum tempo que venho perdendo o interesse em assistir aos concertos da ORSE, em parte por ser muito erudita,e também por não respeitar o programa a ser executado. Mas para ser sincero, a apresentação encheu novamente meu coração de esperança! nunca tinha visto o teatro tao cheio para uma apresentação da orquestra! o público entrou com vontades e expectativas e saiu realizado! pelo menos isso foi o que aconteceu comigo!
gostaria de dar um recado ao senhor Guilherme Mannis.: reflita no que viu hoje a noite! uma gratidão do publico por ter apreciado uma apresentação popular! não desprezo a música
erudita, mas nem só da musica erudita vive a orquestra! queremos também o popular, o nacional, a música latina! queremos um som que honre o sangue que corre em nossas veias!
Anderson