sábado, 16 de março de 2013

Um dia me falaram sobre os reis, as leis e a dor, ou de quando eu prefiro ser um idiota para não me importar com as propagandas enganosas. O ano musical começou ontem em Sergype Del Rey: Certamente teremos muito mais danças, gastos estratosféricos, e pouca qualidade orquestral. Estamos indo de volta pra casa?

1. O único respeito que ainda resta a Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) se dá pelo trabalho duro de seus músicos. Pela resistência ao desconforto natural de executar de maneira pífia algo que nem de longe fora lapidado. Se algo neste concerto de abertura de temporada não foi perdido, unicamente foi a defesa natural que cada músico fez de si ao tocar de maneira tão célere. E foi agradável em certos pontos. Conseguiu prender no primeiro ato e de lá pra frente só nulidade.

2. Acreditei ainda esperançoso que a Abertura da Temporada 2013 da ORSSE fosse ser um indicativo de mudanças e melhorias. As mudanças foram faladas, mas me parecem exatamente limitadas e mentirosas.

2.2 Por falar em mentira, não entendo porque cargas d' água o povo sergipano insiste em não preservar a memória. É mais fácil acreditar no que é veículo de propaganda. Já dizia o ministro de Defesa do Hitler: Uma mentira contada várias vezes torna-se verdade. Fato. Afinal de contas, qual a necessidade de afirmar que o CD em homenagem ao Villa Lobos (gravado em 2009 e lançado ontem) fora o 1º da ORSSE? Só não sabe quem não quer saber que em 2006 fora distribuido de fato o primeiro, gravado entre 2005 e o ano seguinte: Lembro exatamente o dia da gravação: era a 9ª do Beethoven e o Sibelius sob a Regência do Maestro antecessor. A não ser que de fato eu esteja equivocado e ficaria imensamente feliz que alguém se dignasse a me mostrar meu erro. Pode ter certeza de que Abrirei um imenso espaço neste blog para admitir minha falta. Isso não deveria ser um campo de batalha, mas se em toda guerra necessitamos sangue, que não seja o meu a ser derramado!

2.3 Só para desencargo de consciência: Referência a gravação do 1º CD da ORSSE .

3. Sim, sei exatamente que terei que passar mais um ano escutando que escrevo por encomenda, que meu apreço por essa visão colérica é o que movimenta a máquina deste blog, e não vai me irritar mais que o fato de que tolo é quem realmente acha que para além de alguma predileção a verdade simples dos fatos é que vá ser importante. Me nego a acreditar que para que um trabalho seja qualitativo seja necessário desconstruir algo que é parte da história. A ORSSE de hoje é um produto vistoso e que desejo a cada dia que vingue. Mas que vingue dentro da possibilidade de não esquecer que para os jovens que hoje fazem parte da própria orquestra, tudo o que vivemos em termos de repertório e construção musical desde 2004 não pode passar com irrelevância, e tão somente por sabermos que ali foi o começo dessas portas que hoje são amplas. Ora, então creditar a criação de tantas coisas que antes apenas não existiam e não eram acessíveis como hoje o é, é diminuir o trabalho de quem se põe agora? E nisto não estou pondo como confronto a qualidade musical daquela antiga Orquestra, ou a de hoje. É  apenas uma percepção rasa de que cada tempo é determinado para uma finalidade e disso fazem parte questões analíticas as mais diversas. Dinheiro, apoio, prestigio, propaganda, conduta... Imagina só a desconstrução da OSESP só pelo consenso de que o grande maestro John era um déspota? 

4. Tive a infelicidade de escutar do maestro titular da ORSSE em seu discurso de abertura da temporada, menção ao fato de inovar sempre, trazer novidades e blá blá blá blá que não se aplica. Em sete anos, acredito que os únicos dois que foram realmente positivos fora o de 2009 e o de 2011. E falo em termos de qualidade e não de propaganda, afinal, são sete anos mais do mesmo. Dedicar parte de seu repertório à execução de obras da tradição junina não deveria ser pautado como esmola ou favor. É a minima coerência que se retribui a quem lhes paga o salário e mantém ativo. Privilegiar artistas da casa é no minimo fazer uso do bom senso: São artistas, músicos, profissionais que estão aí a prova justamente para isso. Ópera, sinfonia grande de Schubert ou a rainha da inglaterra tocando alaúde no palco do teatro Tobias Barreto, não importa nada, nada disso tem razão se não existir de verdade uma predisposição a entender de que maneira, quais os caminhos são necessários para uma aproximação entre orquestra e público!

5.  Aliás, embora meu desgosto seja aparente, ainda não desisti de acreditar que tanta coisa possa ser diferente. A começar pelo espaço dado ao uso de nossos músicos como solistas. A equação é simples: se temos um bom pianista, algumas boas cordas, uma boa percussão, metais agradáveis dentre cantores e coralistas. Se essas pessoas tiverem seus potenciais explorados não precisaremos gastar a cada bimestre dinheiro convidando nomes de fora. E que fique claro, não é convite, não são valores ínfimos: é contratação e pautada pelo valor cordial que cada um impõe... É também o desejo de ver tantas boas obras serem tocadas de verdade (ao invés de querer ressuscitar uma Pétrouscha tão comodamente morta), de ver tantas obras eruditas que são bem mais eficientes em dialogar com o público e formar plateia. Ontem o teatro estava vazio (levando-se em consideração a importância da apresentação) ao contrário do que apregoou o Maestro Guilherme Mannis. Isso deveria não alegrá-lo e sim refletir sobre o porque de mesmo passados sete anos, a ORSSE não ter sua casa cheia como rotina.

4 comentários:

  1. E a Temporada 2013? Já saiu e eu perdi o bonde?

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  2. Pena então que só pude ver a segunda parte do concerto e somente imaginar o que se passou nos Villa-Lobos...

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  3. Quem disse que para ser bom tem que ser de fora? Quando vou a uma apresentação de uma orquestra quero ouvirrrr! lá as "aparências" não são importantes!

    "a rainha da inglaterra tocando alaúde no palco do teatro Tobias Barreto kkkkk essa foi boa!!!

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