domingo, 8 de setembro de 2013

O desserviço jornalistico contra a cultura sergipana, ou de quando devo me perguntar o que enfim é cultura para alguém que só enxerga com os olhos musicais e esquece o mundo de possibilidades culturais.

Quase sempre me enfado ao zapear pelos blogs ou colunas de arte musical dos principais jornais aqui no Brasil. O fato é que quase sempre escrevem em duas perspectivas especificas e que não se relacionam: Ou se escreve sobre música pura e aplicada (quase sempre de maneira mais apaixonada do que devíamos, sim porque nisso me incluo sobre maneira) o que leva o leitor a quase sempre migrar em busca de outras perspectivas, ou  se escreve sobre a música enquanto produto cultural. O problema nesse sentido é o fato de que nem sempre os colunistas estão preparados para separar as duas coisas ou uni-las de maneira verdadeiramente politizada. 

Música e cultura não deveriam jamais andarem dissociados da discussão politica de manutenção de sua execução. E não entendo por que ainda hoje, depois do boom da informatização e do livre acesso ao compartilhamento de opiniões, algumas pessoas se neguem a pautar a discussão totalitária sobre acesso e manutenção das politicas culturais. No Brasil, a cultura,  é sem dúvida uma das áreas mais ricas de exploração e possibilidades e ainda assim por alguns setores é vista como desimportante, ou a tratam de maneira levianamente menor do que deveria. Ao ler nessa manhã de domingo a página do jornal  Estadão me deparei com o que curiosamente a principio fizeram meus olhos brilhar pelo título: A cultura de Sergipe ao alcance de todos. Meu susto foi se delineando quando vi que a noticia ao invés de conectar-me com a felicidade de possivelmente ter ali numa matéria em que a secretária de cultura do estado de Sergipe Eloisa Galdino falava sobre os rumos da nossa cultura, usou fatos antigos da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) para enaltecer a grandiosidade de nossa inserção no cenário nacional. 

E não haveria problema algum na condução da matéria (já que no caderno) o tema principal abordado periodicamente pelo pianista Álvaro Siviero é justamente a música erudita. O que vem como inconformidade nesse mais de um ano de atividades deste blog, é o fato de propagandear o inverídico. Falar de música orquestral é também cheio de possibilidades de um jornalismo ético e investigativo com as informações, já que elas se apresentam como dados estatísticos. Se olharmos a nossa volta saberemos que sim, e já muitas vezes dito aqui neste espaço, a ORSSE tem se colocado de maneira vistosa em muitos aspectos, e muito embora o meu desejo seja um dia ler os passos vistosos que ela vá dá como objeto cultural, ainda não é nem de longe toda a pompa e circunstância que se apresenta na matéria.

É para além de qualquer suspeita, essa me parece uma matéria sem lisura e que se coloca num tom suspeitosamente encomendado. Afinal de contas não compreendo a lógica de um entrevistador colocar tanto peso sobre perguntas que todas elas vão descambar em fatos ocorridos a quatro anos atrás, que apesar de importantes para as poucas pessoas sergipanas que se informam sobre nossa orquestra, não tem importância alguma para os que fazem a música a nível nacional. Então me pergunto o porque de a quatro anos atrás não termos tido nenhum tipo de alarde sobre a nossa turnê internacional e agora sermos tão vistosos como pauta? Ou que menos nos representa ao contrabalancear aspectos políticos na condução de todos os caminhos que se desenvolvem desde a organização de um programa até mesmo a finalização do processo com o concerto físico. Porque continuo a desacreditar que intercâmbios com nomes de peso sejam mera concessão de prestigio e respeito e mais tem a ver com o peso da moeda no mercado musical. 

A quem interessar tirar as próprias conclusões... Saboreie a noticia na integra aqui .

2 comentários:

  1. Não deve ser tão difícil conseguir ser pauta para esse tipo de propósito. Pena mesmo é não analisarem como você coloca, as questões por trás desses resultados espantosos. A cultura em Sergipe não se resume a ORSSE e o descaso da secretária fica evidente ao pautar o tempo todo apenas ações voltadas para a orquestra...

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  2. De fato como na maioria dos aspectos culturais sergidos promovidos diretamou inderatamente pela representação estatal acaba vinculando-se aos interesses políticos. Principalmente em período eleitoral. Bela matéria, críticas bastantes consistentes, escrita como usual, introspectivamente analítica. Continuei o bom trabalho, nós leitores mesmo que leigos, desfrutamos das suas publicações. :)

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