sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A universalidade da morte é indubitável. Feliz día de los muertos!

Hoje cedo despertei acossado por duas representações da morte. A primeira é justamente o fato de que aqui no Perú (onde tenho me escondido) a celebração aos mortos é algo intrínseco à cultura Andina. O colorido, a vivacidade  com a qual é lembrado cada ente já destituído de espirito e massa me faz rir em certos pontos, e não pejorativamente, mas a fim de entender como é presente a memória na vida dos que ainda vivem. Fui convidado a visitar um cemitério e beber junto a uns amigos e seu pai (falecido) em questão. Declinei do convite por achar demasiado cataclismático para minha primeira vez. 

A segunda delas delas foi o fato de receber uma mensagem de minha prima contando feliz os progressos violinísticos e discorrendo também sobre  os desafios de ensaiar uma peça do Saint-Säens.
Achei curioso demais o fato correlacionado de que a morte hoje tem me perseguido. Por que justamente a peça em questão é a Danse Macabre, que fazia tempo estava esquecida em minha play list mas que hoje veio a tona. Justo porque vejo beleza na morte desde sempre, como se fosse uma efêmera amiga repousando sobre o peito vivo de cada um. E passeando por blogs encontrei essa justa definição da peça do Säens:

 " retrata uma tradição medieval, iconográfica, a Dança Macabra. Esta dança representa a universalidade da morte, e por conseguinte, da condição humana. Para lembrar da brevidade, beleza e importância da vida, apesar de referir-se à sua ‘contraparte’, a morte. Figurou no imaginário e na cultura medieval, em tempos da Peste Negra."

E seguindo meu apreço sobre o tema da morte, não houve como não lembrar com felicidade as palavras do sábio Chicó no leito de morte de seu melhor amigo joão Grilo, personagens icônicos da Obra maior do pernambucano Ariano Suassuna:

"Acabou-se o grilo mais inteligente do mundo, cumpriu sua sentença, encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, que de fato não tem explicação, que iguala tudo que é vivo em um só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo... morre."

E aproveito para deixar como indicação um vídeo animado muito interessante sobre o tema da Danse Macabre. Que passem bem o dia dos mortos, das bruxas, do Saci...





O auto da compadecida

Um comentário:

  1. Não conhecia nenhum dos dois. nem o compositor e nem a obra. Gostei muito do tom de mistério da música, essa confusão que o som das cordas cria como um arranhado. Gostei também das modificações de cor e fonte, ficou bem melhor que o azul e as letras verdes. Massa!

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