quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Minha terra tem palmeiras onde canta os sabiás e as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá!

A poesia cotidiana anda esquecida na memória de muitos. O Brasil ainda não conseguiu dissociar através da educação a relação entre arte e identidade sexual. Se na Argentina adolescentes leem Borges, no Brasil, salvo exceções, se um menino se atreve a escancarar sua predileção à leitura poética,  logo lhe conferem um estigma. Não tem sido muito diferente na música, e aqui falo de memorialismo. Certamente o Brasil ainda insiste em não conhecer o Brasil.

O verso saudoso do titulo deste post tudo tem a ver com a vontade de escutar executada essa noite a Bachiana brasileira n. 4. Embora já a tenha visto anteriormente sendo executada pela Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) e provavelmente pelo quase mesmo grupo, o cenário desta vez me parece muito mais propicio ao lirismo melódico envolto no preludio da obra em questão. A série Sons da Catedral é sem dúvidas a série mais bem acertada pela direção do Maestro Paulista e diretor artístico da ORSSE Guilherme Mannis. É o espaço que mais agrupa diferentes segmentos da sociedade sergipana que não necessariamente está associada à vida pratica da música erudita, ou é o público cativo afeito a esse tipo de música. São frequentadores das missas, passantes sem rumo pelos arredores da Catedral metropolitana , estudantes, curiosos... Mas principalmente é nessa série de Concertos em que a população com menos acesso de trânsito entre as salas de concerto pode se dirigir de maneira gratuita e centralizada até a arte. 

Para além do espaço físico da Catedral que é encantador independente do credo ou religião, ou da possibilidade de acesso irrestrito, a série Sons da Catedral é privilegiada justamente pela variedade musical de seus programas, que se apresentam sempre dentro da perspectiva mais didática de dialogar com a plateia tantas vezes ainda de ouvidos crus. Por ela passaram desde o Concerto para trompa n. 3 de Mozart, o tão conhecido e enfadonho (mais muito preterido pela plateia) Bolero de Ravel, Abertura Carnaval Romano do Hector Berlioz que pude aplaudir com justiça, até também derrocadas como a Suite Aquática do Häendel ou as Antigas danças e árias para Alaúde. Certamente essa série funciona como um espaço de formação musical e também de resgate memorialista ao que no principio tinha a própria igreja como espaço de manutenção e impulsão à criação artística musical. A noite que será conduzida pela Batuta do maestro Assistente da Sinfônica, Daniel Nery e contará ainda com a execução solística  do Spalla Márcio Rodrigues e trará na programação além do Villa Lobos, também um Cantabile para violino e Orquestra Eliana de La Torre e a já conhecida obra Il barbiere di Siviglia (O barbeiro de Sevilla) de Giácomo Rossini





Sons da Catedral III

07 de novembro de 2013
Sons da Catedral III - Catedral Metropolitana de Aracaju
07, quinta-feira, 19h
Daniel NERY, regente
Márcio RODRIGUES, violino 
Gioacchino ROSSINI (1792-1868)
Abertura da ópera O Barbeiro de Sevilha 
Eliana de LATORRE  (1953)
Cantabile, para violino e orquestra
Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)
Bachianas Brasilieras n. 4
1.      

5 comentários:

  1. Acho que você realmente esteja muito estranho ainda que eu concorde com o texto e ache um dos textos mais felizes que já escreveu. A diversidade educativa pode ser comprovada pelo próprio desenho. Cresci escutando melodias nos desenhos e o primeiro contato que tive com uma orquestra foi assistindo o Tom e pernalonga regendo uma orquestra, nem sabia que fosse possível que aqueles sons produzidos fossem orquestrados. Além da possibilidade de ir mais a vontade aos concertos na catedral, às pressas, as estar lá e de graça!

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  2. 1. Sim, essa era uma leva de desenhos muito boa e ideologicamente comprometida não apenas com o entretenimento. Gosto do episódio em que ele vai para o espaço, e tira as comidas das bisnagas sintéticas.

    2. Marilia, fico feliz com seu comentário, também lembro bem o jerry sabotando o concerto e os músicos todos caindo no fosse do palco. O do pernalonga confesso que não lembro...

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  3. https://www.youtube.com/watch?v=BX1ljYx3g3k

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  4. que vídeo sensacional esse vídeo. Que coelho malvado! e que cantor boa gente, muitos já haveriam desfalecido antes.

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