José Luiz Herencia, ex-diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, que está sendo investigado por desvios que podem ter causado prejuízos de mais de R$ 18 milhões aos cofres públicos municipais, confessou os crimes e fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (o acordo ainda não foi homologado pela justiça). A informação foi divulgada na última quinta-feira, dia 17 de março, pelo jornal O Estado de S. Paulo. Conforme a reportagem, em sua delação Herencia envolveu no esquema fraudulento o diretor executivo do IBGC (organização social que dá suporte à gestão da casa) William Nacked e o diretor artístico John Neschling. O Secretário de Comunicação da Prefeitura Nunzio Briguglio Filho também foi citado. Herencia teria confessado ter recebido R$ 6 milhões, William Nacked teria recebido outros R$ 6 milhões, e o maestro Neschling depositaria a parte dele em contas no exterior por meio do produtor Valentin Proczynski, diretor da agência Old and New Montecarlo. Já o secretário Nunzio Briguglio Filho teria se empenhado pessoalmente para que fosse firmado o contrato do projeto Alma Brasileira. O acordo de delação prevê que Herenica devolva os seus R$ 6 milhões desviados.(Leia a reportagem completa de O Estado de São Paulo aqui.)
O projeto Alma Brasileira foi lançado, em Brasília, em agosto do ano passado, pelo ministro Juca Ferreira e pelos diretores Herência e Neschling, e previa também a participação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e de teatros da Bahia e de Minas Gerais. Alma Brasileira seria um grande projeto multimídia realizado pelo grupo catalão La Fura dels Baus em torno do compositor Heitor Villa-Lobos. A realização, que teria um custo de R$ 5 milhões, seria integralmente bancada pelo Ministério da Cultura (leia mais sobre o Alma Brasileira aqui). Já em dezembro passado, na coletiva de imprensa para apresentação da temporada 2016 do Theatro Municipal, John Neschling, questionado, havia comunicado o cancelamento do projeto.
Na sexta-feira passada, dia 18 de março, o ministro Juca Ferreira divulgou nota sobre os superfaturamentos do Theatro Municipal e sobre o projeto Alma Brasileira, em que sustenta que não foi feito nenhum aporte ao projeto uma vez que “os realizadores se negaram a detalhar gastos no valor de R$ 3.299.980,00 que estavam alocados para pagamento da empresa Old and New Montecarlo”. Por sua vez, o Secretário Nunzio Briguglio Filho afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que não teve nenhuma participação na decisão de contratar ou realizar o espetáculo.
No último, dia 19 de março, o maestro John Neschling publicou um post em sua página do Facebook, refutando as acusações. “É curioso que se dê ouvidos a um ladrão confesso que tenta, para seu próprio benefício acusar maldosamente quem nunca participou de suas falcatruas. Certamente é sua forma de se vingar, uma vez que fui eu quem procurou o prefeito da cidade para alertá-lo da necessidade de uma investigação, quando suspeitei de que as coisas não estavam corretas na administração da Fundação e do IBGC, entidade privada que a administra”, escreve o diretor artístico (leia a íntegra do post abaixo).
Por conta das investigações, em 26 de fevereiro passado o prefeito Fernando Haddad determinou uma intervenção no IBGC, que desde então está sendo conduzido por Paulo Dallari, atual diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
Leia na íntegra a matéria da Revista Concerto aqui.
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