terça-feira, 29 de março de 2016

Delação premiada serve também ao mundo musical.Ou de quando Há muita coisa acontecendo do lado de lá do Brasil que as vezes nem nos damosconta pelo acaso da geografia.

José Luiz Herencia, ex-diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, que está sendo investigado por desvios que podem ter causado prejuízos de mais de R$ 18 milhões aos cofres públicos municipais, confessou os crimes e fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (o acordo ainda não foi homologado pela justiça). A informação foi divulgada na última quinta-feira, dia 17 de março, pelo jornal O Estado de S. Paulo. Conforme a reportagem, em sua delação Herencia envolveu no esquema fraudulento o diretor executivo do IBGC (organização social que dá suporte à gestão da casa) William Nacked e o diretor artístico John Neschling. O Secretário de Comunicação da Prefeitura Nunzio Briguglio Filho também foi citado. Herencia teria confessado ter recebido R$ 6 milhões, William Nacked teria recebido outros R$ 6 milhões, e o maestro Neschling depositaria a parte dele em contas no exterior por meio do produtor Valentin Proczynski, diretor da agência Old and New Montecarlo. Já o secretário Nunzio Briguglio Filho teria se empenhado pessoalmente para que fosse firmado o contrato do projeto Alma Brasileira. O acordo de delação prevê que Herenica devolva os seus R$ 6 milhões desviados.(Leia a reportagem completa de O Estado de São Paulo aqui.)

O projeto Alma Brasileira foi lançado, em Brasília, em agosto do ano passado, pelo ministro Juca Ferreira e pelos diretores Herência e Neschling, e previa também a participação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e de teatros da Bahia e de Minas Gerais. Alma Brasileira seria um grande projeto multimídia realizado pelo grupo catalão La Fura dels Baus em torno do compositor Heitor Villa-Lobos. A realização, que teria um custo de R$ 5 milhões, seria integralmente bancada pelo Ministério da Cultura (leia mais sobre o Alma Brasileira aqui). Já em dezembro passado, na coletiva de imprensa para apresentação da temporada 2016 do Theatro Municipal, John Neschling, questionado, havia comunicado o cancelamento do projeto.
Na sexta-feira passada, dia 18 de março, o ministro Juca Ferreira divulgou nota sobre os superfaturamentos do Theatro Municipal e sobre o projeto Alma Brasileira, em que sustenta que não foi feito nenhum aporte ao projeto uma vez que “os realizadores se negaram a detalhar gastos no valor de R$ 3.299.980,00 que estavam alocados para pagamento da empresa Old and New Montecarlo”. Por sua vez, o Secretário Nunzio Briguglio Filho afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que não teve nenhuma participação na decisão de contratar ou realizar o espetáculo.

No último, dia 19 de março, o maestro John Neschling publicou um post em sua página do Facebook, refutando as acusações. “É curioso que se dê ouvidos a um ladrão confesso que tenta, para seu próprio benefício acusar maldosamente quem nunca participou de suas falcatruas. Certamente é sua forma de se vingar, uma vez que fui eu quem procurou o prefeito da cidade para alertá-lo da necessidade de uma investigação, quando suspeitei de que as coisas não estavam corretas na administração da Fundação e do IBGC, entidade privada que a administra”, escreve o diretor artístico (leia a íntegra do post abaixo).
Por conta das investigações, em 26 de fevereiro passado o prefeito Fernando Haddad determinou uma intervenção no IBGC, que desde então está sendo conduzido por Paulo Dallari, atual diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo.

Leia na íntegra a matéria da Revista Concerto aqui.

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