sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Orquestra sinfônica de Itabaiana e o trompete de Ouro

Orquestra Sinfônica de Itabaiana (OSI)
Foi um concerto ingrato em termos de público, também ingrato em termos de divulgação. Tão pronto vi uma chamada no telejornal da noite, sai correndo pra ver se conseguia chegar ao menos na metade do concerto da Orquestra Sinfônica de Itabaiana (OSI). Por sorte consegui chegar com folga e os prestigiei do mezanino vazio fazer um concerto inteligente e audacioso. Ouso dizer que se pudesse elencar um ranking de acertos repertoriais aqui em sergipe ultimamente, a OSI ficaria em 1º lugar com um aproveitamento quase impecável. É bem verdade que há um caminho, há uma estrada e muito por acertar.

O concerto visava comemorar o dia do médico, e também dentro dessa simbologia homenagear o centenário do Médico e empresário sergipano Augusto Franco lá representado por seu filho e ex-governador do estado Albano Franco. Executado dentro desa série pela primeira vez  em 2008 sob a regência do Maestro e criador da orquestra, o Gaúcho Ion Bressan, teve vida e em sua 5ª edição o conceto Unimed se apresentou no palco do Teatro Atheneu. Foi um concerto breve no sentido da leveza, mas não menos intenso e qualitativo.

Um dos únicos deslizes mas ousadamente apreciável foi a execução do 2º Mov. da IV Bacchiana do Villa lobos (Canto do sertão). Lamentavelmente mal amaciado pelo naipe das cordas que visivelmente não conseguiu lograr êxito com a pretensa extensão das notas mais agudas, com a embolação que por motivo esse nos deu a quem escutava um sentido confuso e destoante das boas gravações desse que é um movimento tão doce, tão agreste que se bem executado nos fará entender claramente a beleza que existe na seca e na poesia do homem do campo. Mas ousadamente forte (ainda que irregular) na introdução lirica do óboé. Parabenizo sua direção artistica na pessoa do Maestro Bahiano Angelo Rafael pela sensibilidade de entender que um conceto para que seja erudito não precisa necesariamente vir atravacado de monte de monotonias. Muito menos que nãodeva dar espaço para as pratas da casa. Essas que foram tão bem lembradas com a seleção Luiz Gonzaga do Mestre Duda e a eximia execução de um arranjo do Paulo Aragão sobre o tema Garota de Ipanema, que aqui, toda as cordas se mostraram e puderam atrever uma nesga de alma que fosse. O balanço, a bossa em toda a sua visivel contrução densa e aquele final quase que um bolero sinfônico foi extasiante. Ouso dizer que se eu pudesse ouvi-los tocar essa noite no auditório do Campi da UFS em Itabaiana, eu o faria apenas pra dentre outros tons, escutar mais uma vez o tema da baixa do sapateiro dentro do Arranjo do Gledson Souza intitulado Uma viagem Latina.

Não me aterei a falar sobre a primeira parte do Conceto já que foi regularmente tranquila com a Abertura Idomeneu do Mozart, com o I e IV Mov. da Sinfônia Nº 104, em RÉ Maior do Joseph Haydn, Dança Húngara nº 5 do Brahms e a Fanfarre for a Commom Man do Aaron Copland. 90% delas sob a batuta da Maestrina Silvia Berg, que junto com um grupo de três alunos: Eduardo Felipe Corrêa (Violino), Thayara Siqueira (Violino) e o Fernando Chagas Corrêa (Viola), em Itabaiana para um intercambio educacional, puderam somar-se ao brilho intencional da noite. Não posso deixar passar o fato de que ver pela primeira vez ao vivo uma maestrina em exercício foi excitante dentro da pesrpectiva de entender que não só o campo musical brasileiro tem se voltado para o grande momento de desenvolvimento que nos é dado já que lá fora cada vez mais desejam conhecer nossa música, como também que os tabus poco a poco tem sido quebrados e com isso o machismo que por tanto tempo impregnou de cerseamento a liberdade de nossas artistas mulheres venha sido desfeito. Foi doce e voraz como o tinha que ser, e como o é a alma feminina.

E embora fique a felicidade desse momento, o grande momento, a grande constatação na verdade e que já é sabido nos quatro cantos de Sergipe é que não existe melhor grupode metais, não existe mais primor e desenvolvimento de técnica elaborada nesse sentido que o grupo da OSI. A tradição de fanfarras em Sergipe é forte, sobre tudo em Itabaiana com os initerruptos grupos mantidos pela Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, e embora isso seja tão natural, ontem eu lembrei o som que já havia me impressionado a tanto tempo, e aqui paro para discorrer explicitamente e parabenizar àquele a quem credito o maior êxito da noite de ontem. O trompetisma Max Santana. Foi positivamente insurdecedora sua execução da Fanfarre for a Commom Man, foi brilhante e seguro em toda a segurança e fôlego dispostos em cada projeção de som. Segurança essa que envolvia todo o naipe e fazia deles o brilho maior (Coisa não comum) já que todos os olhos tendem sempre a pairar sobre as cordas. Fantástico. Fántastico e grande. Desejo que não se perca no caminho, que não tenha medo de entender que é grande e que pode mais que se limitar a não buscar outros ares. Parebenizo-o e desejo que vooe.

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